Segundo Lowenfeld, a criança inicia o processo de desenhar fazendo garatujas ou rabiscos de forma desordenada. Em seguida, os rabiscos vão se ordenando. A prática desse rabiscar encaminha a criança para fazer formas. As formas vão gerando as figuras humanas que são constituídas basicamente por cabeças redondas e membros que se originam dela. Essas figuras, ao longo das repetições, vão adquirindo mais detalhes e o desenho passa a evoluir na composição também.
Como incentivar e favorecer esse processo?
O ato de desenhar pode acontecer com variações que devem contribuir para a sua própria evolução. Combinações de com o que se desenha (os riscadores) com onde se desenha (os suportes) podem conferir ampliação e desafio aos processos.
Alguns riscadores:
- giz de cera
- giz de lousa
- lápis de cor
- lápis grafite
- pedaços de carvão
- terra
- tintas
- pincéis
- palitos
- dedos das mãos e dos pés
- Etc., etc., etc.
- papel
- papel ondulado
- cartolina
- lixa de parede
- vidro
- azulejo
- espuma de sabão
- areia
- solo
- tecidos
- chão (com papel)
- parede (com papel)
- o ar
- Etc., etc., etc…
É possível pensar nas variantes que as combinações de riscadores e suportes podem provocar?
E o que pensar das histórias que nasceram com este desenhar?
No Ateliê Carambola, a pré-escola de São Paulo dirigida pela pedagoga e estudiosa Josiane Del Corso, o desenho é visto como uma linguagem que expressa pensamento: na criança pequena o movimento é a gênese do pensamento. O movimento que nasce da ação, do desejo da descoberta, do prazer do movimento, que revela um corpo em formação (…) e que precisa estar inteiro nos processos inaugurais da infância. Crescer deixa marca. A infância desenha seu processo, deixa suas marcas, marcas do gesto (Professora Viviane Cukier).
Deve-se valoriza a experiência de desenhar com o corpo todo, em grandes suportes, como folhas de papel de rolo ou emendadas. No chão ou pendurados na parede, os suportes podem permitir e abrigar os movimentos do corpo que se debruça sobre os papeis e acompanha o riscar das mãos. São pernas que abrem e fecham no ritmo dos riscos, são balanços de cabeça, de cintura e dos pezinhos que participam do intenso processo.
O olhar do Tempo de Creche sugere que os educadores observem, leiam os desejos das suas crianças, permitam as interações do corpo e deixem a imaginação agir para combinar suportes e riscadores e repetir o ato de desenhar ao longo da educação da infância.
As fotos desse post foram incluídas para inspirar atividades de desenho que repetem o ato e também o desafiam.
- Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil de Edith DERDYK. (São Paulo: Scipione, 1989).
- Arte Infantil de G. H. LUQUET (Lisboa: Companhia Editora do Minho, 1969).
- A formação dos símbolos na criança de J. PIAGET (PUF, 1948).
- Desenho & escrita como sistema de representação de Analice Dutra PILLAR.(Porto Alegre: Artes Médicas, 1996).
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